Modelo experimental para teste de precipitação eletrostática em ambiente cirúrgico: aplicação e implicações
- Pituã Brasil Business

- 23 de out.
- 3 min de leitura
A geração de bioaerossóis — partículas finas que contêm agentes biológicos — passou a ter atenção reforçada com a pandemia da COVID‑19. Em especial, procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos (como a laparoscopia) podem liberar quantidades significativas desses aerossóis, apresentando risco para a equipe. O estudo piloto em questão avaliou o desempenho da tecnologia de precipitação eletrostática (EAP — electrostatic aerosol precipitation) e de evacuação contínua de aerossóis (CAE) para reduzir a exposição durante cirurgia simulada. PMC+1
Por que esse tipo de tecnologia importa?
Durante procedimentos com eletrocautério ou ultrassom em cavidade fechada, existe geração de partículas muito finas que podem carregar vírus ou outros microrganismos. Segundo o estudo, concentrações de partículas no ambiente simulado atingiram níveis de ~6,4×10⁵ cm⁻³ para 40 W e ~7,3×10⁵ cm⁻³ para 60 W de eletrocautério, valores consideráveis para exposição potencial. PubMedTecnologias como EAP e CAE visam capturar essas partículas antes que se dispersem, reduzindo a carga de aerossóis e, consequentemente, o risco de transmissão ou exposição.
O que foi realizado no estudo
Foi utilizado um modelo ex-vivo de laparoscopia (colecistectomia) em suíno (vesículas), em simulação de ambiente cirúrgico fechado, com trocartes e insuflação. PubMed+1
Foram comparadas três condições principais: uso de eletrocautério a 40 W (MP-HOOK40), a 60 W (MP-HOOK60) e ultracorte (USC) — cada uma com e sem EAP. PubMed+1
A técnica de medição envolveu contador de partículas de condensação (CPC) para número de partículas (PNC), em diferentes pontos: dentro da cavidade simulada, próximo ao trocar de trabalho, e na zona de respiração do cirurgião. PubMed
Resultado principal: a aplicação de EAP reduziu significativamente as medianas de PNC em todas as condições testadas. PMC+1
Achados e implicações práticas
A implementação de EAP no ambiente simulado de cirurgia mostrou uma redução substancial na concentração de aerossóis. Isso sugere que, em cenários com produção intensa de partículas (como laparoscopia), a precipitação eletrostática pode atuar como barreira adicional.
Para equipes cirúrgicas ou unidades hospitalares, isso significa que tecnologias de controle de aerossóis podem reduzir o risco ocupacional, especialmente em situações de cirurgia com insuflação ou com dispositivos que geram fumaça cirúrgica.
Em termos de instrumentação, a medição de número de partículas (PNC) em diferentes pontos reforça a necessidade de entender não apenas a geração, mas a dispersão espacial e a exposição real do operador.
Limitações e considerações críticas
O estudo é piloto, realizado em modelo ex-vivo, ou seja, não em pacientes vivos. Isso significa que variáveis reais (fluxo sanguíneo, movimentação da equipe, ventilação da sala) não foram todas simuladas integralmente.
A medição se concentrou em número de partículas; não foi necessariamente avaliada a viabilidade ou infectividade do agente aerossolizado, o que limita conclusões sobre risco biológico direto.
A tecnologia EAP pode implicar em custos, instalação e manutenção adicionais, além de requerer compatibilidade com o ambiente cirúrgico, segurança elétrica e fluxo de ar controlado.
Perspectivas futuras
É desejável a realização de estudos em ambiente clínico vivo, com medição não apenas de partículas, mas de agentes biológicos viáveis, para avaliar impacto real na transmissão ou exposição.
Avaliações de custo-benefício, integração com sistemas de ventilação hospitalar, e padronização de protocolos de instalação e uso de EAP são caminhos importantes para adoção ampla.
Treinamento da equipe para uso adequado de tecnologias de controle de aerossóis e monitoramento de partículas em tempo real podem ampliar a aplicação desses sistemas em ambientes de alto risco.
Conclusão
O estudo piloto sobre o uso de precipitação eletrostática em ambiente modelado de cirurgia destaca que, além das práticas padrão de proteção (EPIs, ventilação), tecnologias de controle de aerossóis representam uma camada adicional de segurança. Em especial para ambientes onde há geração intensa de partículas finas, a EAP mostrou-se promissora para reduzir exposição ocupacional. Profissionais de instrumentação, segurança ocupacional hospitalar e engenharia biomédica podem considerar esse tipo de abordagem como parte das estratégias de mitigação de risco.
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