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Como a Alemanha se tornou referência em testes de filtros

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    Pituã Brasil Business
  • há 6 dias
  • 6 min de leitura

Arquitetura normativa robusta, metrologia de aerossóis avançada e sistemas de teste e medição de alta precisão colocaram a Alemanha na liderança global dos ensaios de filtragem.



Este white paper descreve fundamentos científicos, métodos, normas de ensaio e equipamentos aplicados, com foco em reprodutibilidade e confiabilidade metrológica para decisões de engenharia.



1. Conceitos Fundamentais


1.1 Princípios físicos de captura

A eficiência de um filtro decorre da combinação de mecanismos: difusão Browniana (dominante para partículas menores, tipicamente < 100 nm), interceptação (trajectórias próximas às fibras), impacto inercial (relevante em partículas > 1 µm e altas velocidades), peneiramento (quando o diâmetro das partículas excede o tamanho de poro) e forças eletrostáticas (em meios filtrantes eletretados). A interação entre mecanismos define a eficiência fracionária ao longo do espectro de tamanhos.



1.2 MPPS, penetração e queda de pressão

Para filtros de alta eficiência (p.ex., filtros HEPA e ULPA), a menor eficiência ocorre na MPPS (Most Penetrating Particle Size), geralmente entre 0,07–0,3 µm, dependendo do meio e da velocidade superficial. Ensaios fracionários precisam resolver este intervalo com análise granulométrica de alta resolução. Em paralelo, a pressão diferencial (ΔP) é monitorada para avaliar perdas de carga iniciais e sob carregamento de poeira.



1.3 Aerossóis de teste e propriedades

O aerossol de teste deve ser estável, com distribuição de tamanhos controlada e concentração adequada à faixa dinâmica dos instrumentos. Materiais comuns: NaCl/KCl (higroscópicos, refrativo conhecido), DEHS/PAO (óleo estável), e PSL (esferas monodispersas para calibração). Neutralização de carga (raio-X suave) padroniza a mobilidade elétrica das partículas para medições comparáveis.



1.4 Parâmetros críticos

  • Velocidade superficial e vazão volumétrica nominal (ISO 16890 usa aprox. 0,944 m/s);

  • Condições ambientais (T/RH) e condicionamento do meio (descarga IPA em ISO 16890);

  • Distribuição e estabilidade do aerossol (GSD, CMD/MMD);

  • Traçabilidade metrológica e incerteza de medição;

  • Isocineticidade e homogeneidade de fluxo nas seções de amostragem.


2. Métodos e Técnicas de Medição


2.1 Medição fracionária (contagem por tamanho)

Compara-se concentração upstream e downstream por classe de diâmetro, obtendo a eficiência fracionária. Instrumentos típicos: espectrômetro de aerossol por mobilidade (SMPS) para 10–500 nm, contadores ópticos (OPC/OPS) para 0,3–10 µm e APS para diâmetro aerodinâmico até 20–30 µm. A combinação SMPS+OPS/APS cobre a faixa crítica da MPPS e acima.


Aplicações: classificação EN 1822/ISO 29463 de HEPA/ULPA, validação de meios filtrantes finos e análise de penetração por tamanho em filtros automotivos e de turbinas.


Limitações: necessidade de neutralização de carga, correções de índice de refração para OPC, calibração rigorosa e controle de perdas por difusão em linhas de amostragem.



2.2 Fotometria/óptica de extinção (penetração global)

Fotômetros de aerossol medem concentração em unidades de massa ou CH/RS (escala relativa) pela extinção ou espalhamento integrado. Viabilizam varredura de fugas e ensaios de penetração total com aerossóis polidispersos (DEHS/PAO). Úteis para testes de integridade em campo (p.ex., salas limpas) e controle rápido de produção.


Limitações: não resolvem por tamanho; sensíveis à composição óptica do aerossol e requerem calibração com material de referência.



2.3 Gravimetria e métodos de massa

Na gravimetria, a massa coletada em filtros de referência é comparada entre upstream e downstream ou pela variação de massa do elemento em ensaios de carregamento. Em ISO 16890 determina-se ePM1, ePM2,5 e ePM10 a partir de distribuição por tamanho e função de ponderação em massa. Em ISO 5011 (automotivo), poeira padronizada (ISO A2/AC) é dosada para construir curvas de ΔP vs. carga e eficiência sob carregamento.



2.4 Medição de ΔP e parâmetros auxiliares

Transdutores de pressão diferencial com resolução adequada e baixa deriva são essenciais, bem como medição de vazão (venturímetros, bocal crítico, mass flow controllers) e condicionamento térmico/umidade. O bloco de dados mínimo inclui ΔP, eficiência fracionária ou global, vazão, temperatura, umidade e concentração do aerossol.



2.5 Comparação resumida

  • Fracionária (SMPS/OPS/APS): máxima resolução; requisito para EN 1822/ISO 29463; maior complexidade.

  • Fotométrica: rápida, ideal para leak test e integridade; sem análise granulométrica.

  • Gravimétrica: robusta para carga e classificação de HVAC (ISO 16890) e automotivo (ISO 5011); resolução fracionária indireta.


3. Equipamentos Usados no Setor


3.1 Geração e condicionamento de aerossóis

  • Geradores de sal (NaCl/KCl) por atomização e secagem;

  • Geradores de óleo (DEHS/PAO) por bico Laskin, disco rotativo ou atomizadores controlados;

  • Neutralizadores de carga (raio-X suave);

  • Sistemas de diluição isocinéticos e misturadores para homogeneizar o aerossol de teste.


3.2 Detecção e análise

  • Espectrômetro de aerossol SMPS para nanossegmento (mobilidade elétrica);

  • OPS/OPC para 0,3–10 µm por contagem de partículas via espalhamento óptico;

  • APS para diâmetro aerodinâmico e cálculo de massa por suposição de densidade;

  • CPC para baixíssimas concentrações e verificação de penetração em ULPA.


3.3 Bancadas e sistemas de ensaio

As bancadas integram seções de amostragem upstream/downstream, condicionamento ambiental, medição de vazão e ΔP, e módulos de análise. Sistemas de fabricantes alemães — como os sistemas TOPAS para ISO 16890 e EN 1822/ISO 29463 — são amplamente utilizados por sua estabilidade de fluxo, controle de aerossóis e integração com espectrometria e fotometria. Há também plataformas modulares para ensaio de meios filtrantes (folhas/coupons), bancos para filtros automotivos (ISO 5011) e células para filtros de admissão de turbinas (ISO 29461).



3.4 Metrologia e calibração

Traçabilidade a padrões nacionais (PTB) e acreditação DAkkS conferem confiabilidade. Calibração de fluxo, ΔP, resposta fotométrica e curvas de tamanho (PSL) é exigida, com incerteza expandida documentada conforme GUM.



4. Aplicações Reais em Indústria e Laboratórios


4.1 HVAC e salas limpas

Em HVAC, a classificação ISO 16890 substituiu a EN 779, orientando a seleção por ePM1/ePM2,5/ePM10. Em salas limpas, a aceitação e requalificação de filtros HEPA e ULPA seguem EN 1822/ISO 29463 (eficiência fracionária e MPPS) e testes de integridade por varredura (EN 1822-4) ou conforme ISO 14644-3, com contagem de partículas ambiente para qualificação da sala.



4.2 Indústria farmacêutica e biotecnologia

Aplicações GMP (Anexo 1) exigem detecção de fugas em nível sub-ppm, controle de ΔP, rastreabilidade e documentação rigorosa. A escolha do aerossol de teste (DEHS/PAO) e do método (fotométrico para integridade, fracionário em homologação) é central para assegurar barreiras estéreis.



4.3 Automotivo e motores off-road

Em ISO 5011, a avaliação do elemento de ar usa poeira padronizada, medindo eficiência inicial, sob carga e o crescimento de ΔP. Ensaios fracionários com OPS/APS antecipam comportamento em comportamento de partículas finas (1–3 µm) críticas para desgaste, complementando a curva de retenção e a capacidade de poeira.



4.4 Turbinas a gás e energia

Segundo ISO 29461, a classificação de filtros de admissão aborda análise granulométrica, eficiência fracionária relevante ao ambiente (costeiro/desértico), ΔP e recuperação. Dados fracionários alimentam modelos de fouling e perda de potência.



4.5 Desenvolvimento de meios filtrantes

Laboratórios de P&D avaliam meios filtrantes em cupons quanto à permeabilidade, distribuição de poros, eficiência fracionária e estabilidade eletrostática (pré e pós-descarga IPA). A correlação entre propriedades do meio e desempenho em elemento completo reduz ciclos de prototipagem.



5. Boas Práticas e Parâmetros Críticos


5.1 Fatores de reprodutibilidade

  • Estabelecer comprimentos de mistura e perfis de velocidade uniformes (coeficiente de variação < 10% na seção de teste);

  • Garantir amostragem isocinética e simétrica upstream/downstream;

  • Neutralizar carga das partículas e controlar RH para evitar crescimento higroscópico com sais;

  • Selecionar instrumentos com faixas sobrepostas para cobrir a MPPS (SMPS+OPS) e verificar coerência de espectros;

  • Aplicar correções de índice de refração para OPC/OPS, especialmente com DEHS/PAO.


5.2 Redução de incerteza

  1. Calibrar vazão, ΔP e resposta de contadores com traçabilidade PTB/DAkkS;

  2. Quantificar perdas em linhas (difusão, deposição) por testes de recuperação;

  3. Executar ensaios em duplicata e rodadas interlaboratoriais (ring tests);

  4. Usar materiais de referência (PSL) para checar a curva de tamanho;

  5. Documentar orçamento de incerteza e critérios de aceitação.


5.3 Escolha de métodos

  • Homologação HEPA/ULPA: fracionário (EN 1822/ISO 29463) com MPPS, varredura de fugas e CPC para baixas penetrações;

  • HVAC: ISO 16890 com descarga IPA, OPS e ponderação ePM1/ePM2,5/ePM10;

  • Automotivo: ISO 5011 com gravimetria e ΔP sob carga, fracionário complementar (OPS/APS);

  • Turbinas: ISO 29461 com fracionário amplo, testes ambientais e recuperação;

  • Meios: bancadas de cupons com geração estável de aerossol e controle de velocidade superficial.


5.4 Erros comuns a evitar

  • Usar aerossol polidisperso sem controle para determinar MPPS;

  • Desalinhamento de vazão ou amostragem não isocinética gerando viés de tamanho;

  • Linhas longas sem aquecimento/secagem ao testar sais higroscópicos;

  • Ignorar descarga de eletret em ISO 16890, superestimando eficiência;

  • Operar fora da faixa dinâmica do instrumento, saturando contagens.


5.5 Papel dos sistemas integrados

Soluções integradas — como os sistemas TOPAS para ensaios conforme EN 1822/ISO 29463 e ISO 16890 — combinam geração estável de aerossóis, controle fino de vazão e módulos de detecção interoperáveis (SMPS/OPS/fotometria). A integração reduz variabilidade, simplifica a conformidade com normas de ensaio e melhora a reprodutibilidade entre lotes e laboratórios.



6. Conclusão Técnica

A referência alemã em teste de filtros resulta da convergência de padronização (EN 1822/ISO 29463, ISO 16890, ISO 5011, ISO 29461, ISO 14644), infraestrutura metrológica (DAkkS/PTB), engenharia de precisão e disponibilidade de sistemas de teste e medição maduros. Medições tecnicamente corretas — com ênfase em eficiência fracionária, contagem de partículas, pressão diferencial e análise granulométrica — determinam a confiabilidade dos resultados e o desempenho no campo.


A adoção de equipamentos adequados (geradores de aerossol, espectrômetros de aerossol, contadores, fotômetros e bancadas normativas), combinada a protocolos robustos, melhora a comparabilidade internacional, reduz incertezas e acelera o desenvolvimento de meios filtrantes e elementos.


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