Operação de Sistemas de Troca de Amostra em Testes Contínuos de Filtração de Aerossóis
- Pituã Brasil Business

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Arquiteturas, integrações e controle para troca de linha/porta-amostra em bancos de ensaio contínuos de aerossóis.
Resumo: A troca de amostra em testes contínuos viabiliza medições upstream/downstream de eficiência fracionária com um único instrumento, reduzindo incertezas e aumentando a reprodutibilidade em conformidade com normas de ensaio.
1. Conceitos Fundamentais
1.1 Definição e objetivo
Em bancos de teste de filtros, sistemas de troca de amostra (manifolds multiportas, válvulas rotativas/solenoides de 2–6 vias, comutadores térmicos) alternam a amostragem entre pontos distintos, tipicamente montante (upstream) e jusante (downstream), ou entre múltiplos elementos/zonas. Isso permite caracterizar eficiência fracionária e pressão diferencial em tempo quase real usando um único canal de medição.
1.2 Princípios físicos e comportamento de partículas
Comportamento de partículas: dominado por difusão browniana (<100 nm), interceptação e impacto inercial (0,1–5 µm), sedimentação e forças gravitacionais (>5 µm). O número de Stokes e o regime de Reynolds nos dutos determinam perdas em curvas e válvulas.
Propriedades dos aerossóis: distribuição de tamanho (monodispersa/polidispersa), índice de refração, carga elétrica e higroscopicidade afetam a análise granulométrica e a calibração óptica.
Fundamentos da filtragem: mecanismos de captura se superpõem; a MPPS (Most Penetrating Particle Size) para filtros HEPA e ULPA tipicamente está entre 80–200 nm. A eficiência fracionária é função do tamanho e do estado de carregamento do meio filtrante.
Amostragem isocinética: ao alternar linhas, a velocidade de amostragem deve igualar a velocidade do escoamento local para evitar viés granulométrico, sobretudo para partículas micrométricas.
1.3 Parâmetros críticos
Pressão diferencial (ΔP): indicador de resistência do filtro; monitorada continuamente para correlação com eficiência e estado de carregamento.
Tempo morto e volume morto: afetam a resposta dinâmica após a comutação; a constante de tempo do sistema deve ser menor que o intervalo de aquisição.
Perdas em linhas: difusão, deposição gravitacional e impacto em conexões. Minimizar com linhas curtas, diâmetros adequados e curvas suaves.
Neutralização de carga: neutralizadores (p. ex., fonte de raios X macia) estabilizam a carga, essencial para medições com espectrômetro de aerossol e SMPS.
2. Métodos e Técnicas de Medição
2.1 Visão geral
Os principais métodos em sistemas de teste e medição com troca de amostra incluem:
Contagem de partículas por espalhamento óptico (OPC/OPS): fornece número por classe de tamanho, adequada a 0,1–10 µm.
Espectrometria por mobilidade elétrica (SMPS): resolve 10–500 nm com alta resolução, ideal para MPPS e eficiência fracionária de HEPA/ULPA.
Espectrômetro aerodinâmico (APS): faixa 0,5–20 µm, relevante para filtros grossos e ISO 16890.
Fotometria/nefelometria (PAO/DEHS): avaliação de penetração total (massa/obscurecimento) e testes de vazamento.
Método gravimétrico: ganho de massa em filtros de amostragem para eficiência por massa.
2.2 Como funcionam e quando usar
OPC/OPS: detectores ópticos classificam por amplitude de pulso. Usar em HVAC (ISO 16890), cabine automotiva e monitoramento de estabilidade. Limitações: dependência do índice de refração e coincidência a altas concentrações.
SMPS (espectrômetro de aerossol por mobilidade): classifica por mobilidade elétrica em DMA e conta via CPC. Ideal para filtros HEPA e ULPA conforme normas de ensaio EN 1822/ISO 29463. Limitações: tempo de varredura; requer aerossol neutro e estável.
APS: tempo de voo aerodinâmico; bom para partículas maiores e aplicações industriais e automotivas. Limitações: não resolve sub-0,5 µm.
Fotômetros: medem concentração total (massa/obscurecimento) de aerossol de teste (PAO/DEHS). Ótimo para varredura de vazamentos e controle rápido. Limitações: não fornecem distribuição de tamanho.
Gravimetria: filtros de referência a montante/jusante com balança analítica. Útil para poeiras padronizadas; limitação em resoluções temporais.
2.3 Eficiência fracionária e cálculo
A eficiência fracionária η(dp) é calculada por bin de tamanho como η = 1 − Cdown(dp)/Cup(dp), onde C são concentrações numéricas ou por massa. Em sistemas com comutação, sincronizam-se janelas upstream/downstream e compensam-se atrasos/decadência via correções de tempo e background.
2.4 Normas relevantes
EN 1822 / ISO 29463: filtros HEPA e ULPA; exige eficiência fracionária próxima à MPPS e teste de vazamentos.
ISO 16890: filtros HVAC; abordagem baseada em frações ePM1, ePM2.5, ePM10; inclui condicionamento e análise granulométrica.
ISO 5011 (entrada de ar automotivo) e ISO 11155 (cabine): definem protocolos de poeiras e curvas de ΔP.
3. Equipamentos Usados no Setor
3.1 Módulos de comutação
Válvulas multiportas (2–6 vias): atuadas por solenóide ou motor; baixa perda de carga, baixo volume morto e materiais antiestáticos.
Manifolds comutáveis: permitem múltiplas tomadas para upstream/downstream e amostras de referência.
Controladores de tempo: coordenam tempos de purga, aquisição e sincronização com o sistema de contagem de partículas.
3.2 Geração e condicionamento de aerossol
Geradores de NaCl/KCl por atomização e secagem para ensaios EN 1822/ISO 29463.
Geradores de óleo (DEHS/PAO) por atomização Laskin/jet; amplamente usados em varredura de vazamentos e HVAC (ISO 16890 em parte do fluxo).
Neutralizadores (raios X macios) para estabilização de carga.
Condicionadores de temperatura/UR para controlar higroscopicidade e coagulação.
3.3 Instrumentação de medição
Espectrômetro de aerossol SMPS/OPS/APS: resolução fracionária em ampla faixa de tamanho.
Contadores de partículas (OPC/OPS, CPC): monitoramento rápido por classe.
Fotômetros/nefelômetros: penetração total e varredura de vazamentos.
Transdutores de pressão diferencial: ΔP de alta resolução e baixa deriva.
3.4 Sistemas integrados de ensaio
Existem bancos modulares para filtros automotivos e industriais com troca automática de amostra, incluindo soluções como sistemas TOPAS para geração de aerossol e medição, integráveis a OPC/SMPS e módulos de válvulas de baixa perda. Esses sistemas padronizam vazão, ΔP, comutação e aquisição, elevando a reprodutibilidade.
4. Aplicações Reais em Indústria e Laboratórios
4.1 Filtros HEPA/ULPA e salas limpas
Ensaios conforme EN 1822/ISO 29463 exigem eficiência fracionária próxima à MPPS e verificação de vazamentos. A troca de amostra alterna entre upstream/downstream e pontos de varredura da face do filtro, com fotômetro e OPC/SMPS. O controle de pressão diferencial evita deformações do meio filtrante.
4.2 HVAC e ISO 16890
Para filtros HVAC, o sistema comuta entre linhas para medir ePM1, ePM2.5 e ePM10 com contagem de partículas e/ou APS, além de métodos gravimétricos. A estabilidade do aerossol de teste e a correção de perdas são críticas para reprodutibilidade.
4.3 Automotivo e turbinas a gás
Em filtros de admissão e cabine (ISO 5011/11155), a comutação atende múltiplos pontos de amostragem antes e depois do elemento, correlacionando ΔP, eficiência por tamanho e queda de performance sob poeira padronizada. Para turbinas, o foco é controle de finos para erosão e depósitos, com APS/OPC.
4.4 P&D de meios filtrantes
Laboratórios de P&D avaliam formulações de meios filtrantes com SMPS/OPS em testes contínuos, alternando amostras entre múltiplos cupões/mini-pleats. A troca rápida reduz deriva de fonte e melhora a comparação estatística.
5. Boas Práticas e Parâmetros Críticos
5.1 Projeto de linhas e válvulas
Igualar comprimento e diâmetro interno das linhas upstream e downstream para perdas simétricas.
Minimizar volume morto e utilizar válvulas com caminhos suaves; evitar tees com ângulo agudo.
Usar materiais antiestáticos para reduzir adesão eletrostática.
5.2 Controle de tempo e sincronização
Definir tempo de purga após cada comutação com base na constante de tempo do manifold.
Sincronizar trigger de aquisição do instrumento (OPC/SMPS) com o controlador da válvula.
Aplicar correção de lag entre upstream e downstream em cálculos de eficiência fracionária.
5.3 Estratégias de medição
Para HEPA/ULPA: SMPS com neutralização de carga e distribuição de NaCl; varredura de mobilidade adequada e repetibilidade de bins.
Para HVAC: OPS/APS com calibração por esferas PSL (índice de refração conhecido) e validação gravimétrica.
Para vazamentos: fotômetro DEHS/PAO com mapeamento de face e troca de amostra por zonas.
5.4 Redução de incerteza e aumento de reprodutibilidade
Calibrar vazão de amostragem e ΔP periodicamente; usar padrões traçáveis.
Validar perdas de linha com aerossol monodisperso e comparar razão upstream/downstream sem filtro (bypass controlado).
Aplicar correção de coincidência em OPC e verificação de baseline (zero-check) com filtro HEPA em linha.
Implementar análise granulométrica consolidando bins consistentes entre ciclos.
5.5 Erros comuns e como evitar
Purgas insuficientes após comutação geram subestimação da eficiência; dimensione tempo de purga por 3–5 constantes de tempo do volume morto.
Assumir perdas iguais em linhas diferentes; valide e compense por fator de transferência.
Desalinhamento de vazões e violação da isocineticidade; ajuste diâmetros dos bicos de amostragem.
Ignorar deriva do aerossol de teste ao alternar; use canal de referência estável ou medição intercalada de verificação.
5.6 Tabela conceitual de seleção de método
6. Conclusão Técnica
A operação rigorosa de sistemas de troca de amostra em testes contínuos é determinante para medir com precisão a eficiência fracionária e a pressão diferencial de filtros nas mais diversas aplicações. A seleção correta do método (OPC/SMPS/APS/fotometria/gravimetria), o controle do aerossol de teste e o projeto de linhas e válvulas com perdas minimizadas garantem reprodutibilidade e conformidade com normas de ensaio como EN 1822/ISO 29463, ISO 16890 e ISO 5011. Sistemas integrados e modulares, incluindo soluções amplamente empregadas no setor como os sistemas TOPAS, aliados a protocolos bem definidos, elevam a confiabilidade metrológica e reduzem a incerteza.
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