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Filtros Automotivos – Ensaios e Aplicações (31–45): Métodos, Normas e Equipamentos de Medição

  • Foto do escritor: Pituã Brasil Business
    Pituã Brasil Business
  • 15 de nov.
  • 6 min de leitura

White paper técnico sobre fundamentos, métodos de medição, normas aplicáveis e equipamentos para teste de filtros automotivos e industriais, com foco em eficiência fracionária, reprodutibilidade e validação metrológica.



Resumo técnico: a caracterização rigorosa de filtros depende da escolha correta do aerossol de teste, da análise granulométrica, da contagem de partículas e do controle preciso de vazão e pressão diferencial.



1. Conceitos Fundamentais

O desempenho de filtros automotivos é governado pela interação entre comportamento de partículas, propriedades do aerossol de teste, características dos meios filtrantes e condições operacionais (vazão, temperatura, umidade). A separação particulada resulta da combinação de mecanismos: difusão Browniana (dominante em <100 nm), interceptação e impacto inercial (0,1–1 µm e acima), sedimentação gravitacional (diâmetros maiores, baixas velocidades) e forças eletrostáticas (meios carregados).


A eficiência fracionária é função do diâmetro aerodinâmico/eléctrico e da velocidade face. O ponto crítico é o MPPS (Most Penetrating Particle Size), tipicamente entre 80–300 nm para fibras sem carga ou deslocado conforme o material e a velocidade. Em automotivo, variações de vazão e poeira carregada (ISO 12103-1 A2, A4) alteram o gradiente de pressão e a eficiência temporal.


Parâmetros críticos:


  • Curva de eficiência x diâmetro (0,01–10 µm, conforme aplicação).

  • Pressão diferencial inicial e evolução sob carga (poeira ou névoa de óleo), importante para queda de desempenho e consumo energético.

  • Capacidade de retenção e vida útil (ciclagem, pulso, regeneração quando aplicável).

  • Distribuição granulométrica do desafio e estabilidade do número/masa.

  • Neutralização de carga do aerossol, garantindo reprodutibilidade e comparabilidade entre laboratórios.

Meios filtrantes comuns incluem celulósicos, sintéticos meltblown, nanofibras e compósitos com cargas eletrostáticas. Em filtros de cabine, controlam particulados e, em versões combinadas, gases (camada de carvão ativado). Em motores, a proteção de turbo e injeção exige balanço entre eficiência e baixa pressão diferencial. A analogia com filtros HEPA e ULPA é útil para entender o controle de MPPS e a necessidade de ensaios de integridade em aplicações críticas.



2. Métodos e Técnicas de Medição


2.1 Eficiência fracionária e MPPS

Mede-se a penetração em função do diâmetro por amostragem upstream/downstream e análise granulométrica. Técnicas típicas:


  • SMPS (Scanning Mobility Particle Sizer): classifica por mobilidade elétrica (aprox. 10–500 nm). Requer neutralizador e correção de cargas múltiplas. Útil para MPPS e filtros finos.

  • OPS/OPC (Optical Particle Sizer/Counter): contagem de partículas por espalhamento (0,1–10 µm conforme modelo). Útil para cabine e admissão de ar.

  • APS (Aerodynamic Particle Sizer): diâmetro aerodinâmico (0,5–20 µm), adequado a poeiras coarse.

Aplicações: mapping de eficiência fracionária de filtros de cabine (ISO 11155-1), comparação de meios, definição de MPPS e avaliação da influência de vazão/umidade. Limitações: região de sobreposição entre SMPS/OPS, correções de índice de refração no OPC e perdas difusivas em linhas.



2.2 Métodos gravimétricos e curva de carga

Usam poeira padrão (p. ex. ISO 12103-1 A2/A4) para medir massa retida e evolução de pressão diferencial. Relevante para ISO 5011 (filtros de admissão). Vantagens: proximidade com uso real e avaliação de capacidade. Limitações: resolução fracionária limitada; dependência forte do aerossol e do regime de deposição.



2.3 Integridade e scan em filtros finos

Para classes elevadas (p. ex., EN 1822/ISO 29463 para HEPA/ULPA e cabines de alto desempenho), aplicam-se varreduras com aerossol de teste monodisperso (DEHS/PAO ou NaCl) e medição de vazamentos locais com fotômetros ou contadores. Em automotivo, técnicas análogas são úteis para detectar defeitos de selagem e desuniformidades em filtros de cabine premium.



2.4 Medição de vazão e pressão

Precisão na vazão (±1% ou melhor) e medição de pressão diferencial com transmissores de baixa incerteza são essenciais para correlação entre laboratórios. Compensação de temperatura e barométrica é necessária para condições padrão (p. ex., 20 °C, 1013 hPa).



2.5 Ensaios em líquidos correlatos

Para filtros de combustível e óleo, aplicam-se ensaios multipass com medição de contagem e distribuição de partículas em líquido (referências: ISO 19438, ISO 13353, série ISO 4548). A instrumentação utiliza contadores ópticos calibrados por ISO 11171 e curvas de eficiência x tamanho. Embora fora do escopo de aerossol, compartilham princípios de reprodutibilidade e controle do desafio.



3. Equipamentos Usados no Setor


3.1 Geração e condicionamento de aerossol

  • Geradores de NaCl/KCl e DEHS/PAO: produzem aerossol estável para ensaios fracionários e integridade.

  • Geradores de poeira (dosadores de ISO 12103-1): para métodos gravimétricos e curvas de carga.

  • Neutralizadores (X-ray/maciez ou radioisótopos): garantem distribuição de carga conhecida para medição por mobilidade.

  • Misturadores e seções de desenvolvimento: asseguram homogeneidade do desafio antes do filtro.

Exemplos tecnológicos incluem sistemas TOPAS de geração de aerossol (NaCl/DEHS), diluidores, dutos de teste e módulos para ensaios de filtros HEPA/ULPA e automotivos, empregados para garantir estabilidade do aerossol e controle preciso de vazão.



3.2 Espectrômetros e contadores

  • Espectrômetro de aerossol por mobilidade (SMPS): resolução submicrométrica, essencial para MPPS.

  • Contadores ópticos de partículas (OPC/OPS): monitoramento rápido upstream/downstream em 0,1–10 µm.

  • APS: medição de diâmetro aerodinâmico para frações grossas.

  • CPC (condensation particle counter): alta sensibilidade em concentrações baixas, útil em ensaios de filtros muito eficientes.


3.3 Bancadas e sistemas de teste e medição

  • Dutos modulares com seções de amostragem isocinética.

  • Controladores de vazão/pressão com malha fechada e medição de pressão diferencial de alta resolução.

  • Aquisição de dados sincronizada com instrumentação de aerossol.

  • Portas de scan para inspeção de integridade em painéis e cartuchos.

Soluções integradas, como linhas de ensaio baseadas em sistemas TOPAS, combinam geradores, dutos, diluidores, fotômetros e medidores para executar teste de filtros conforme normas de ensaio (ISO 5011, ISO 11155-1/2, ISO 16890, EN 1822/ISO 29463), sem viés comercial, assegurando rastreabilidade.



3.4 Equipamentos para meios filtrantes

Dispositivos de célula plana avaliam resistência do meio, eficiência inicial, influência de carregamento e propriedades eletrostáticas. Úteis em P&D para otimização de gramatura, diâmetro de fibra e tratamentos de carga.



4. Aplicações Reais em Indústria e Laboratórios

  • Filtros de admissão de motor (ISO 5011): avaliação de eficiência inicial/fracionária, queda de pressão sob poeira A2/A4, capacidade de retenção e impacto no consumo de combustível via restrição.

  • Filtros de cabine (ISO 11155-1/2): medição de eficiência fracionária contra NaCl/DEHS e OPC em 0,3–10 µm; para compostos gasosos, testes separados com carvão ativado (parte 2), monitorando queda de pressão e vida útil.

  • Filtração fina e classe HEPA/ULPA em módulos automotivos: quando aplicável a baterias, eletrônica veicular e salas limpas associadas, utilizam-se protocolos derivados de EN 1822/ISO 29463 para integridade e scan de vazamentos.

  • Laboratórios de P&D: curva completa de eficiência x diâmetro com SMPS/OPS, variação de face velocity e umidade, investigação de comportamento de partículas e envelhecimento de meios filtrantes.

  • Indústria farmacêutica e salas limpas: validação de unidades HEPA terminal e monitoramento ambiental com contagem de partículas, correlacionando com requisitos de limpeza em ISO 14644 e integridade por EN 1822.

  • Turbinas a gás e HVAC industrial: aplicação de ISO 16890 para filtros de ventilação, caracterização de MPPS e perda de carga para otimização energética.

  • Filtros de combustível/óleo: uso de métodos multipass (ISO 19438, ISO 13353, ISO 4548) com contagem de partículas em líquido e curva de eficiência por tamanho, visando proteção de injetores e mancais.


5. Boas Práticas e Parâmetros Críticos


5.1 Redução de incerteza e aumento de reprodutibilidade

  • Assegurar aerossol de teste estável em número e distribuição; monitorar upstream continuamente.

  • Aplicar neutralização de carga e correções de múltiplas cargas no SMPS.

  • Usar amostragem isocinética e linhas curtas com materiais de baixa perda (AISI/PTFE), minimizando deposição por difusão/inércia.

  • Verificar coincidence loss em OPC/CPC e operar na faixa linear (uso de diluidores quando necessário).

  • Calibrar vazão e pressão diferencial com padrões rastreáveis; compensar T/P para condições de referência.


5.2 Seleção de métodos

  • SMPS + OPC: melhor cobertura 0,01–10 µm para filtros finos/cabine e definição de MPPS.

  • Método gravimétrico: avaliação de capacidade e estabilidade sob poeira em admissão de motor.

  • Fotometria para integridade: varredura de vazamentos em filtros de alta classe ou painéis críticos.

  • Multipass em líquidos: necessário para combustível/óleo, com contagem calibrada por ISO 11171.


5.3 Parâmetros operacionais

  • Face velocity: documentar a relação com eficiência e perda de carga; MPPS pode deslocar-se com a velocidade.

  • Umidade/temperatura: influenciam higroscopicidade de NaCl, carga eletrostática do meio e viscosidade do ar; manter estáveis.

  • Preparação do filtro: condicionar (umidade, pré-carga) conforme norma para reduzir variabilidade.

  • Critérios de fim de vida: definir por queda de pressão ou % de penetração máxima, dependendo da aplicação.


5.4 Protocolos e normas de ensaio

  • ISO 5011: admissão de motor (poeira, perda de carga, eficiência).

  • ISO 11155-1/2: filtros de cabine, particulados e gases.

  • ISO 16890: ventilação geral, útil como referência de classificação por ePM1/ePM2,5/ePM10.

  • EN 1822/ISO 29463: HEPA/ULPA, ensaios de MPPS e integridade.

  • ISO 19438 / ISO 13353 / ISO 4548: combustível e óleo (multipass, queda de pressão, eficiência).

A observância rigorosa das normas de ensaio assegura comparabilidade entre laboratórios e a reprodutibilidade necessária para qualificação, QA e conformidade regulatória.



6. Conclusão Técnica

Ensaios de filtros automotivos exigem domínio dos princípios de aerossóis, escolha criteriosa do método (fracionário, gravimétrico, integridade), instrumentação adequada e controle metrológico de vazão e pressão diferencial. A combinação de espectrômetro de aerossol, contadores ópticos, geradores estáveis e dutos bem projetados permite caracterizar o MPPS, a curva de eficiência e a capacidade de retenção com alta confiabilidade.


A aderência às normas de ensaio (ISO 5011, ISO 11155, ISO 16890, EN 1822/ISO 29463, entre outras) e o uso de sistemas de teste e medição integrados — incluindo soluções como os sistemas TOPAS para geração e condicionamento de aerossol — são determinantes para resultados rastreáveis, decisões de engenharia e conformidade regulatória.


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