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Parâmetros que definem a eficiência de uma mídia filtrante: fundamentos, medição e práticas de ensaio

  • Foto do escritor: Pituã Brasil Business
    Pituã Brasil Business
  • 14 de nov.
  • 6 min de leitura

Guia técnico para especificar, medir e validar a eficiência de meios filtrantes em aplicações industriais e de salas limpas.



Resumo: compreender e medir a eficiência de uma mídia filtrante exige fundamentos de física de aerossóis, escolha correta de métodos e domínio de normas de ensaio, para garantir reprodutibilidade e comparabilidade.



1. Conceitos Fundamentais

A eficiência de uma mídia filtrante é a capacidade de reter partículas de um aerossol de teste em condições controladas de vazão e pressão. Ela depende de mecanismos físicos (difusão, interceptação, impacto inercial e sedimentação), do diâmetro e estado de carga das partículas, e do arranjo estrutural do meio (diâmetro de fibra, porosidade, espessura e carga eletrostática).


No regime típico de operação, a curva de eficiência fracionária apresenta mínimo próximo à MPPS (Most Penetrating Particle Size), geralmente entre 0,05 e 0,4 µm para fibras finas. Abaixo da MPPS predomina difusão browniana; acima, interceptação e impacto inercial. Em meios filtrantes eletrofiados ou eletretos, forças coulômbicas elevam a eficiência a baixa queda de pressão, porém sujeitas à degradação por descarga.


Parâmetros críticos que definem o desempenho:


  • Eficiência fracionária por número ou massa em função do diâmetro aerodinâmico/mobilidade.

  • Pressão diferencial (ΔP) à vazão nominal (e comportamento ΔP vs. vazão).

  • Capacidade de pó e evolução de ΔP e eficiência durante carregamento.

  • MPPS e penetração máxima.

  • Estabilidade eletrostática e sensibilidade a umidade, temperatura e aerossol de teste.

Aspectos de comportamento de partículas relevantes:


  • Distribuições lognormais típicas de aerossóis; necessidade de análise granulométrica para interpretar resultados.

  • Dependência de mobilidade elétrica (SMPS) e diâmetro aerodinâmico (APS) para classificação.

  • Efeitos de carga elétrica: necessidade de neutralização para garantir distribuição de carga em equilíbrio de Boltzmann.


2. Métodos e Técnicas de Medição


2.1 Medição fracionária por número

Combina classificadores de mobilidade (SMPS/Scanning Mobility Particle Sizer) para 10–500 nm e espectrômetro aerodinâmico (APS) para 0,5–20 µm. Mede-se a distribuição de número a montante e jusante, calculando eficiência fracionária por bin de tamanho. Vantagens: resolução detalhada, determinação de MPPS, sensibilidade a variações finas do meio. Limitações: maior complexidade, necessidade de neutralização e estabilidade do aerossol.



2.2 Medição óptica por contagem de partículas

Contadores ópticos (OPC) realizam contagem de partículas por faixas de diâmetro óptico, com resposta rápida e simplicidade operacional. São úteis para teste de filtros em sala limpa, filtros HEPA e ULPA e verificação de integridade. Limitações: incerteza de tamanho para partículas submicrométricas, dependência do índice de refração e forma; não substituem medição fracionária de alta resolução.



2.3 Medição gravimétrica

Determina a eficiência por massa coletada em meios de amostragem (pré e pós-filtro), frequentemente com aerossóis de poeira padrão. Aplicável a filtros automotivos e de HVAC segundo ISO 16890 e ASHRAE 52.2. Vantagens: representatividade massiva e robustez. Limitações: baixa resolução por tamanho e maior tempo de ensaio.



2.4 Penetração na MPPS e normas de alta eficiência

Para filtros HEPA e ULPA, normas como EN 1822 e ISO 29463 especificam medição da penetração na MPPS usando um espectrômetro de aerossol e/ou CPC combinado a classificação por mobilidade. A definição precisa da MPPS e a uniformidade do fluxo são determinantes para a conformidade.



2.5 Teste de descarga eletrostática

Meios eletretos podem perder eficiência quando expostos a solventes ou aerossóis higroscópicos. Normas como ISO 16890 prescrevem condicionamento (p.ex., exposição a IPA) para avaliar a eficiência intrínseca sem contribuição eletrostática. A comparação pré e pós-descarga é essencial para especificação confiável.



2.6 Quando usar cada técnica

  • Fracionária por número (SMPS/APS): desenvolvimento de meios filtrantes, determinação de MPPS, filtros HEPA/ULPA, validação de barreiras críticas.

  • OPC/contagem de partículas: monitoramento de integridade, testes rápidos de produção, validação de salas limpas.

  • Gravimétrica: classificação ePM (ISO 16890), avaliação de capacidade de pó e vida útil.

  • Penetração pontual na MPPS: conformidade EN 1822/ISO 29463 e seleção de filtros de alta eficiência.


3. Equipamentos Usados no Setor


3.1 Espectrômetros de aerossol e classificadores

O espectrômetro de aerossol por mobilidade (SMPS) combina um neutralizador, um DMA (Differential Mobility Analyzer) e um CPC (Condensation Particle Counter) para varrer a distribuição submicrométrica. O APS (Aerodynamic Particle Sizer) cobre a faixa micrométrica por tempo de voo. Juntos, suportam eficiência fracionária contínua de ~10 nm a 20 µm.



3.2 Contadores de partículas e CPC

OPCs fornecem contagem de partículas e concentração por classes de tamanho em tempo real; CPCs detectam partículas até poucos nanômetros com alta sensibilidade. Em testes de filtros, ambos são integrados a sistemas de amostragem isocinéticos e diluidores para evitar sobrecarga e manter linearidade.



3.3 Geração e condicionamento de aerossol de teste

Geradores de aerossol (atomizadores, nebulizadores, bicos Laskin, evaporação-condensação) produzem aerossol de teste com DEHS/PAO, NaCl/KCl ou esferas PSL. Neutralizadores por raios X ou Kr-85 estabelecem distribuição de carga. Diluição e mistura ativa garantem uniformidade a montante.



3.4 Bancadas e sistemas de teste de filtros

Sistemas de teste e medição dedicados integram controle de vazão, ΔP, mistura de aerossol, amostragem upstream/downstream, e instrumentação fracionária. Exemplos incluem sistemas TOPAS para ensaio de meios filtrantes e filtros plissados, com módulos para EN 1822/ISO 29463 e ISO 16890, sem caráter comercial neste contexto, apenas como referência tecnológica.



3.5 Ensaios de meios filtrantes

Equipamentos para meios (não o elemento completo) medem permeabilidade (método Frazier), ΔP em função da velocidade de face, gramatura e espessura, e realizam testes de carga com aerossol padronizado para correlacionar microestrutura à eficiência fracionária.



4. Aplicações Reais em Indústria e Laboratórios

  • Filtros automotivos: avaliação da eficiência por massa e número para poeiras ambiente, capacidade de pó e crescimento de ΔP; uso de aerossol de teste NaCl para reprodutibilidade entre laboratórios.

  • Salas limpas: verificação de integridade de filtros finais por contagem de partículas, vazamento local, e testes periódicos conforme ISO 14644; correlação com eficiência fracionária para garantir classes de limpeza.

  • Filtros HEPA e ULPA: determinação de MPPS, penetração máxima e varredura de vazamentos conforme EN 1822/ISO 29463, utilizando espectrômetro de aerossol e CPC com amostragem controlada.

  • Indústria farmacêutica e biosegurança: validação de barreiras e contenção; escolha de aerossol inerte (DEHS/PAO) e protocolos de aceitação com limites de penetração definidos.

  • Turbinas a gás: foco em perda de carga, eficiência em partículas grossas e finas, e comportamento sob aerossóis higroscópicos; ensaios combinados gravimétricos e fracionários para otimizar disponibilidade e consumo específico.

  • Meios filtrantes avançados: avaliação de ePTFE, meltblown e fibras de vidro; análise granulométrica e descarga eletrostática para garantir estabilidade ao longo do ciclo de vida.


5. Boas Práticas e Parâmetros Críticos


5.1 Projeto do ensaio e controle de variáveis

  • Definir faixa de tamanho e resolução antes de escolher a instrumentação (SMPS/APS vs. OPC), alinhando ao objetivo (desenvolvimento vs. rotina).

  • Assegurar neutralização do aerossol de teste para medições por mobilidade e reduzir vieses por carga.

  • Controlar vazão e temperatura/umidade; ΔP é sensível à viscosidade do ar e à densidade do aerossol.

  • Implementar amostragem isocinética e linhas curtas com perdas conhecidas; aplicar correções de difusão e deposição quando necessário.


5.2 Qualidade metrológica

  • Calibrar espectrômetro de aerossol, OPCs e CPCs com padrões traçáveis (PSL, contagem, vazão).

  • Executar brancos e checagem de fundo; manter razão sinal-ruído adequada por diluição.

  • Relatar incerteza de medição expandida e critérios de aceitação; utilizar repetição e intercomparações para reprodutibilidade.

  • Validar homogeneidade do escoamento e mistura a montante com sondagem multiponto.


5.3 Protocolos normativos

  • Seguir normas de ensaio (ex.: ISO 16890, EN 1822, etc.) e, quando aplicável, ISO 29463, ISO 14644 e ASHRAE 52.2, garantindo comparabilidade entre laboratórios.

  • Aplicar condicionamento/descarga (p.ex., IPA) quando exigido para meios eletretos e reportar resultados antes e depois.

  • Para filtros HEPA e ULPA, determinar MPPS em condições especificadas e realizar varredura de vazamentos com resolução espacial adequada.


5.4 Evitar erros comuns

  1. Subestimar perdas em linhas de amostragem para partículas ultrafinas (erros de difusão).

  2. Operar OPC fora da faixa de concentração linear, induzindo coincidência e subcontagem.

  3. Não neutralizar o aerossol em testes fracionários, deslocando a MPPS aparente.

  4. Comparar resultados de número com classe baseada em massa sem conversão granulométrica adequada.

  5. Desconsiderar variação de ΔP por temperatura e vazão, comprometendo comparações.


6. Conclusão Técnica

A eficiência de uma mídia filtrante é uma função multivariável que integra microestrutura, mecanismos de captura e condições operacionais. A medição correta exige métodos alinhados ao objetivo (número vs. massa), instrumentação adequada (espectrômetro de aerossol, contagem de partículas), e conformidade com normas reconhecidas. A definição de MPPS, o controle de pressão diferencial e a análise granulométrica asseguram especificações robustas e transferíveis.


O uso de sistemas de teste e medição projetados para estabilidade de aerossol de teste, controle fino de vazão e amostragem qualificada — como os sistemas TOPAS e soluções equivalentes do mercado — eleva a confiabilidade, a reprodutibilidade e a rastreabilidade dos dados, reduzindo incertezas e prevenindo escolhas inadequadas de materiais.


Se sua empresa precisa de equipamentos, soluções técnicas ou orientação especializada para testes de filtros, fale conosco.



Referências técnicas-chave (resumo de tópicos)

  • Teste de filtros com eficiência fracionária por número e massa.

  • Contagem de partículas e espectrometria por mobilidade/aerodinâmica.

  • Pressão diferencial, capacidade de pó e MPPS.

  • Normas: ISO 16890, EN 1822, ISO 29463, ISO 14644, ASHRAE 52.2.

  • Boas práticas para reprodutibilidade, calibração e incerteza.

 
 
 

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