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Por que testes laboratoriais não substituem testes em linha

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    Pituã Brasil Business
  • há 1 dia
  • 5 min de leitura

Integração entre rigor metrológico e desempenho real de sistemas de filtração

Resumo técnico: testes laboratoriais estabelecem a base metrológica e comparabilidade; testes em linha capturam variáveis de processo, ambiente e integração do sistema, essenciais para validar o desempenho real de filtros e meios filtrantes.




1. Conceitos Fundamentais


Princípios físicos e comportamento de partículas

A performance de um sistema de filtragem depende do comportamento de partículas no escoamento e da interação entre aerossol e meio poroso. O diâmetro aerodinâmico, a densidade e a forma das partículas, bem como a análise granulométrica (distribuição de tamanhos), determinam regimes de captura por difusão (Browniana), interceptação, impacto inercial, peneiramento e atração eletrostática.


Em filtros fibrosos, a menor eficiência fracionária ocorre tipicamente na MPPS (Most Penetrating Particle Size), geralmente entre 0,1 e 0,3 µm para filtros HEPA e ULPA. Acima desse intervalo prevalece o impacto e a interceptação; abaixo, domina a difusão. A carga superficial e a profundidade do meio, o diâmetro das fibras e a porosidade regulam a curva de eficiência.



Propriedades dos aerossóis e aerossol de teste

O aerossol de teste deve ter distribuição e concentração controladas, além de neutralização de carga para reprodutibilidade. Agentes comuns incluem NaCl/KCl, DEHS/PAO, esferas de PSL e poeiras ISO A2/A4. Sem controle granulométrico e de carga, a comparação interlaboratorial se degrada.



Parâmetros críticos de desempenho

  • Eficiência fracionária e penetração por tamanho: determinação da MPPS e da curva eficiência x diâmetro.

  • Pressão diferencial (Δp): função do fluxo, viscosidade do ar, espessura do meio e carga particulada.

  • Capacidade de retenção de pó e dust loading: evolução de Δp e eficiência ao longo do carregamento.

  • Integridade e vazamentos: avaliação por varredura (scan) ou teste integral.

  • Estabilidade térmica e higroscópica: sensibilidade a umidade e temperatura de processo.


2. Métodos e Técnicas de Medição


Medições fracionárias e contagem de partículas

Medições fracionárias com espectrômetro de aerossol (ex.: SMPS, OPS, APS) permitem resolver a eficiência por classe de tamanho. A técnica utiliza amostragem a montante e a jusante, frequentemente com contagem de partículas por canal de diâmetro. Para filtros finos e absolutos, o uso de CPC/SMPS é recomendado na faixa submicrométrica.



Medição óptica, gravimétrica e fotométrica

  • Óptica (OPC/OPS): rápida, boa para 0,3–10 µm, sensível a índice de refração e morfologia; adequada a HVAC e filtros automotivos.

  • Fracionária (SMPS/APS): alta resolução em tamanho; essencial para MPPS e validação HEPA/ULPA sob normas de ensaio (ex.: ISO 16890, EN 1822, etc.) e ISO 29463.

  • Gravimétrica: massa depositada em pré e pós-filtro; robusta para poeiras e avaliações de capacidade de retenção, porém sem resolução de tamanho.

  • Fotometria: medição integral de concentração (scattering) com PAO/DEHS; usada para integridade e busca de vazamentos em HEPA.


Quando usar cada técnica

  1. Desenvolvimento de meios filtrantes: fracionária com SMPS/APS; Δp via transdutor de alta resolução.

  2. Qualificação de filtros HEPA e ULPA: MPPS por SMPS/APS e integridade por fotometria/scan conforme EN 1822/ISO 29463.

  3. HVAC/ISO 16890: gravimetria para ePMx e OPC para eficiência por faixas.

  4. Monitoramento em linha: OPC/CPC para desvio de processo e Δp para estado de entupimento.


Limitações e incertezas

  • Dependência do aerossol de teste: distribuição, carga elétrica e higroscopicidade afetam a resposta.

  • Condições de fluxo: número de Reynolds, pulsação e perfil de velocidade influenciam a coleta.

  • Seletividade instrumental: OPC sensível a óptica; SMPS sensível a neutralização e estabilidade elétrica.

  • Amostragem: isocineticidade e perdas em linhas (difusão e deposição) impactam a reprodutibilidade.


3. Equipamentos Usados no Setor


Sistemas de teste e medição

  • Geradores de aerossol: atomizadores, bicos Laskin, evaporadores-condensadores e alimentadores de pó; definem concentração e distribuição do aerossol de teste.

  • Neutralizadores: raio-X/soft X ou radioisótopos para estabelecer equilíbrio de carga e reduzir viés em eficiência fracionária.

  • Espectrômetros de aerossol: SMPS para 10–500 nm; OPS/OPC para 0,3–10 µm; APS para 0,5–20 µm.

  • Contadores de partículas: OPC portáteis ou fixos para monitoramento em linha de salas limpas e dutos.

  • Transdutores de pressão diferencial: Δp de alta estabilidade para caracterizar resistência do sistema sob variação de vazão e carregamento.

  • Bancos de ensaio para filtros: câmaras e dutos com condicionamento de fluxo, mistura homogênea a montante e amostragem isocinética; incluem controles de vazão, temperatura e umidade.


Exemplos de tecnologias do setor

  • Sistemas TOPAS para ensaio de filtros e meios filtrantes: bancos modulares com geração de aerossol, condicionamento de fluxo e medição fracionária.

  • Geradores TOPAS de DEHS/PAO, NaCl e poeira: controle de concentração e faixa granulométrica para conformidade com normas.

  • Espectrômetros e contadores integráveis ao banco (SMPS/OPS/APS) para curvas de eficiência e deteção de vazamentos.

Nota: as tecnologias citadas exemplificam sistemas de teste e medição amplamente usados e não configuram recomendação comercial.



4. Aplicações Reais em Indústria e Laboratórios


Filtros automotivos e industriais

Em filtros de admissão e cabine, o ciclo de carga com poeiras padronizadas (p.ex., ISO A2) é determinante para avaliar Δp e eficiência ao longo do tempo. Ensaios em laboratório quantificam a capacidade e a curva fracionária; testes em linha capturam pulsação de fluxo, vibração e ingressos de poeira do ambiente, típicos de campo.



Salas limpas e indústria farmacêutica

Para ambientes ISO 14644, a qualificação de filtros HEPA e ULPA segue EN 1822/ISO 29463 (eficiência fracionária/MPPS e integridade). Em operação, a distribuição de vazão, ciclos de pressão, manutenção e intervenções criam variações que só o monitoramento em linha com contagem de partículas e Δp detecta em tempo real.



Turbinas a gás e geração de energia

Condições de alta vazão e poeira atmosférica higroscópica exigem avaliação da sensibilidade a umidade e salinidade. Ensaios laboratoriais caracterizam media e módulos; testes em linha revelam re-umectação, bleed-through e quedas súbitas de eficiência sob neblina salina, impossíveis de reproduzir integralmente em bancada.



Desenvolvimento de meios filtrantes

Laboratórios de P&D utilizam SMPS/APS e Δp para otimizar diâmetro de fibra, carga eletrostática e estrutura do meio filtrante. Ao integrar o meio em um elemento, tolerâncias construtivas, vedação e distribuição de vazão alteram a curva de eficiência, justificando testes em linha para validar o produto final.



5. Boas Práticas e Parâmetros Críticos


Redução de incerteza e aumento de reprodutibilidade

  • Calibração rastreável de vazão, Δp, concentração e resposta de espectrômetro de aerossol e contadores.

  • Neutralização do aerossol de teste para evitar superestimativa de eficiência em meios eletretos.

  • Amostragem isocinética com linhas curtas, condutivas, e controle de perdas por difusão/impacto.

  • Homogeneização a montante com seções de mistura e retificadores de fluxo; verificação por varredura de concentração.

  • Controle termo-higrométrico para aerossóis higroscópicos e meios sensíveis à umidade.


Escolha de métodos e equipamentos

  • HEPA/ULPA: fracionária (SMPS/APS) para MPPS; fotometria/scan para integridade; conformidade com EN 1822/ISO 29463.

  • HVAC/ISO 16890: ePM1/ePM2,5/ePM10 por métodos gravimétricos e OPC; avaliação de Δp sob diferentes vazões.

  • Automotivo: teste de dust loading e OPC/APS para distribuição; Δp com transdutores de baixa deriva.

  • Salas limpas: contadores portáteis/fixos para contagem de partículas em operação; Δp para integridade de barreiras.


Erros comuns a evitar

  • Desalinhamento entre faixa de tamanho do instrumento e a MPPS do filtro.

  • Condições de fluxo fora do especificado (Re e perfil) no banco de ensaio.

  • Pobre vedação e deriva por vazamentos em porta-amostras e dutos.

  • Não neutralizar aerossol ao testar meios eletretos, levando a falsa alta eficiência.

  • Desconsiderar efeitos de temperatura e umidade em filtros higroscópicos.


Protocolos e normas de ensaio

Alinhar métodos a normas de ensaio (ex.: ISO 16890, EN 1822, etc.), ISO 29463 e requisitos de ISO 14644 em salas limpas. Adoção de planos de amostragem, critérios de aceitação e relatórios padronizados melhora a comparabilidade interlaboratorial e a confiança metrológica.



6. Conclusão Técnica

Testes laboratoriais são indispensáveis para caracterização controlada de meios filtrantes e elementos de filtro, permitindo medir eficiência fracionária, MPPS, pressão diferencial e capacidade sob condições especificadas. Entretanto, não substituem testes em linha, que capturam variáveis de processo, perturbações reais e integração mecânica, determinantes para o desempenho no campo.


A combinação de medições fracionárias com espectrômetro de aerossol, contagem de partículas em operação e monitoramento de Δp, apoiada por sistemas de teste e medição confiáveis (p.ex., bancos com geração e neutralização de aerossol de teste, como os sistemas TOPAS), resulta em maior reprodutibilidade e robustez de decisão em QA, validação e compliance.


Impacto direto: menor incerteza, conformidade normativa, redução de risco operacional e comprovação de desempenho real para filtros HEPA/ULPA, HVAC, automotivos e industriais.



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